2022/12/22

2022/12/21

é raro mas acontece muito

ontem vi coisas dos romanos.
e, apropriadamente (o poema falava de romanos), apareceu-me um poema do eugénio de andrade, que também achei muito apropriado (o poema falava de coisas de que se deve falar).
mas vi um acidente na A1 e isso tornou-se incompatível com alguma poesia e convocou um certo tipo de filosofia.
nisto, passei-me com a quantidade do arroz e fiz arroz para 3 ou 7 dias...

o título deste post é uma homenagem a um moço que, provavelmente, jamais voltarei a ver. gostei dele, apesar de ele ser como é (acho que é sempre assim, entre as pessoas... talvez não seja assim no campo do romance, vá). 
seja como for... aqui fica. a homenagem. 
é sempre refrescante conhecer alguém que, ao sair da casa de banho, anuncia com um sorriso de miúdo grande:
o essencial ficou lá.
e etc, mais copo, menos copo...

tuleiteleitura

se é que ainda te sabe bem imaginar-me contigo, faz-te um favor e a mim: 
põe-me bem de frente...e por cima de ti. 
agarra-me com força o rabo, a cintura, 
e olha-me bem nos olhos.

in trópico de sísifo, de henry miller

neura de casa de putas


estou a anos-luz de todos os referenciais deste videoclip.
mas gosto. no sentido do tony carreira, este era um sonho de menino...
minto...
aí era algo mais pop, mais limpo, mais "estético"...

com a idade (desde há muito), vem uma definição:
gosto de roupa velha
gosto de botas, sempre
gosto de cabedal (e não porque, como dizia o outro, era uma projecção da potência sexual que julgava ter...): o cabedal envelhece bem, ganha patine, carácter, história...

gosto de pensar que o meu blusão de cabedal (comprado em segunda mão a um tipo manhoso) foi testemunha de um crime, estando a ser usado (era para dizer envergado, mas não quis dar razão ao outro) no momento dos acontecimentos. isso talvez me desse uma maior densidade, enquanto personagem da minha vida.
certo certo é que eu não cometo crimes.
não tenho tempo.
nem ambição.
nem temperamento.
mas gostava de ter cometido (e cumprido a respectiva pena). talvez me conferisse street value e o respect associado. assim, não saio de casa. está-se bem...
mas isso não me impede de, de vez em quando, desferir com um varão de heliaço de 20mm um golpe certeiro nos dentes de algumas pessoas. o facto de isso só se passar na minha cabeça não retira qualquer violência à situação. acreditem, que eu sei. a pessoa leva com aquilo na boca e demora a levantar-se... até porque se escorrega no sangue, que é sempre abundante... é que, parecendo que não, vai o maxilar vai tudo, é a partir por ali afora... uma vez uma senhora das fotocópias até perdeu uma vistinha com esta brincadeira e teve de usar uma pala preta sobre o olho esquerdo, adereço que até a tornava um pouco bastante sexy, ao ponto de nós...

dizia eu,
gosto das guitarras acústicas (mesmo sendo ainda muito feliz com coisas electrónicas, musicalmente falando)
gosto muito do álcool
não gosto nada das anfetaminas, mesmo sabendo que aquilo aumenta os níveis de serotonina para 10x mais os níveis normais (quatro vezes mais do que o sexo, seis vezes mais do que o chocolate... (é estranho. nestes artigos compara-se muito sexo com consumo de chocolate, mas nunca se analisa sexo com chocolate... talvez porque o chocolate, depois de arrefecer, seja um pincel ara tirar dos têxteis))...
gosto do ar meio western, mesmo quando se trata de tipos que talvez nunca tenham visto uma vaca
gosto de cheiro a plástico americano 

nunca estive numa casa de putas como cliente, apenas estive como mirone. not nice. e não é coisa que seja estimulada pelos estabelecimentos, nem cá nem no estrangeiro, tanto quanto a minha reduzida experiência pode assegurar.
tenho algum orgulho nisso, hoje.
mas se estivesse estado, não teria qualquer vergonha ou pudor em admiti-lo...
talvez devesse ter estado.
talvez deva estar, sei lá eu... não é que eu não goste de putas, apenas não gosto de lhes pagar. de pagar por aquele serviço. não gosto que seja serviço, vá. e isso nada tem a ver com o gosto de servir ou ser servido, pois isso nada tem a ver com remuneração ou transacção...

decidi acabar aqui este post.
deve ter gralhas, mas não estou nadinha preocupado com isso.

os motorhead têm um videoclip gravado em espanha, algumas cenas são gravadas num bar em barcelona... gosto também de tudo nele, mesmo coiso...

ace of spades, mutherfukers

2022/12/01

kundera

"embaraçado, não sabia para onde olhar. tentava não olhar para os seios dela, mas era impossível, porque vemos os seios nus de uma mulher até quando olhamos para as mãos ou os olhos dela. por isso (...) tentava em seguida olhar para os seios com a mesma naturalidade com com que olharia para uma testa ou um joelho. mas não era fácil precisamente porque os seios não são uma testa ou um joelho."

isto do homem que me ensinou que os médicos checos urinavam no lavatório.
a minha mãe, quando urbana e eu pequeno, dizia que eu havia de ser médico. a coisa mais parecida com isso, na minha vida, foi, quase, brincar aos médicos.


ex-dama do sinal

acabara de, finalmente, lavar a loiça do jantar. 
havia decidido acabar "a imortalidade", do kundera, tal como na véspera. 
acabar, como sabemos, nem sempre é fácil ou definitivo. 
nem sempre é doloroso, também. 
mas li, demasiado tarde, hoje de manhã, uns versos da amália bautista que diziam "que não te apanhe o vício de prolongar as despedidas". 

neverthanless... 

no topo da página, logo no início do texto, pôde ler-se: "sentou-se diante de uma folha de papel e tentou escrever numa coluna o nome das suas amantes. registou imediatamente uma primeira derrota." 
fechou imediatamente o livro. 

voltou a abri-lo, mais tarde, e concluiu a leitura. 
está um homenzinho.