2020/08/22

película

entre nós e as palavras há metal fundente, dizia o cezarini, quando nos dizia que seríamos bem-vindos a elsinore.

entre nós e a vida há uma...
entre mim e a vida, incluindo a minha, há uma barreira intransponível.

li hoje a seguinte frase, ainda "do interior da tua ausência": "nunca tivemos nada um com o outro, mas ficarás para sempre com o cheiro do meu corpo", dissera ela."
compreendo-a muitíssimo bem.
e à frase.


2020/08/11

leituras de viagem

sou um homem a quem faltou muita coisa, sobretudo a coragem. porém, nunca se me desvaneceu a lucidez de o reconhecer; mais: de me aceitar tal como sou. o perdedor tem na derrota uma secreta volúpia.

durante muito tempo  dediquei-me, através da alquimia das frustrações, a mitificar um passado, para mim a maior fonte de felicidade. inscrevia-me nessa lista de pessoas que temem crescer, mas não o admitem. o que atenuou o meu desespero foi o poderoso desafio de viver além da conta e o desejo de ser único. os homens estão divididos entre mutilados e vis. pertenço à primeira categoria, e faço uma tangente com a segunda. nada espero, vivo preparado para tudo.

estou marcado pelo tempo, pelas desilusões, pelo medo e pelas perdas. há algo exterior a nós que somos obrigados a servir. na minha idade já devia ter cuidado. não com o corpo: sempre dele abusei; com aquilo que digo e, até, com aquilo que penso.

(...)

"os homens que estão prontos para morrer é porque nunca estiveram prontos para viver".

in "no interior da tua ausência", de baptista-bastos