2007/10/22

T, parte II

levantou-se do pequeno banco de marfim e arrumou as alfaias piscatórias. pensou para consigo: "como é mais fácil o amor na escandinávia..."
tomou o quadritaxi e, dirigindo-se ao terceiro homem que aguardava com os pés nos pedais, ordenou:
- montinho número três!
...
olhava absorto a vida da cidade, essa mesma cidade que T nunca conhecera. tinha-a "recrutado" na Estação Central.
para T, mesmo passando 24 horas por dia no montinho número três, situado no centro nevrálgico da cidade, tudo e a cidade continuavam a ser um sonho. um sonho do mesmo tipo do que a levou a sair, muito nova e contra a vontade dos pais, do seu cacifo. dera-lhes um grande desgosto e, por isso mesmo, eles nunca a procuraram nem lhe soltaram os mastins na peúgada.
ele continuava diluído no movimento, nas conversas ouvidas na passagem, nos gritos dos psicóticos a quem as pessoas atiravam pombos vivos de asas amarradas. os grunhidos e as penas no ar constituiam um espectáculo que o enternecia.
de vez em quando pegava no chicote e tornava o movimento dos ciclistas mais vivo e mais morto. "lamentável, isto agora da T...", pensou.

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