2016/02/18

açorda à laborial

estou a engonhar, coisa que, ainda que menos, vou cultivando. desde que ando na linha (!!!) não me tinha acontecido, mas estava fadado a isso. aliás, com a carrada de coisas que tenho para fazer, ouso pensar que estou muito mais do que fadado se continuar a engonhar.
mas (*) estava a ler uma coisa na internet (assumo a minha meia-idade recusando liminarmente o uso do diminutivo "net", que deixo, com bom proveito, para as camadas mais jovens dessa lasagna que é a sociedade portuguesa) enquanto continha, silenciosa e lacrimejantemente, o riso. estava a ler (**), nada de bonecada, que o tempo mais quente ainda não chegou.
pensei que perdido por cem perdido por mil (assim, sem vírgulas) e decidi transcrever um pedaço (ler pedaço com sotaque brasileiro) da toalha da mesa do restaurante, que era de papel. a toalha. não a mesa. e não o restaurante.
cá vai:

recupera-se, hoje, uma tradição:
- parasitar as conversas no restaurante.
(interlúdio)
conversa entre r.h. (um gajo do surf, conhecido e reconhecido por mim, que passa por lá d.v.e.q.) e um casal idoso (o homem era culto, com bagagem) a conversa tinha a ver com a tia de r.h. e se ainda tinha o negócio "ali em baixo", perguntara a senhora...
r.h. lá vai (ia) dizendo que ali estaria por mais pouco tempo, que agora estava mais pelos açores...(***)

homem - o que é que ele faz?
mulher - tem uma loja de surf, ali...
homem - mas é drogado?
mulher - não... isso vê-se logo nos olhos das pessoas...
homem - seja como for: é um regicida. a família dele esteve envolvida na morte de d. carlos. todos regicidas, a mando do povo... todas as revoluções se fazem a mando do povo, claro.

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(***) r.h. tinha estado, há dias, a falar de layouts de um site qualquer dele, com outro tipo. uma conversa incipiente, em termos técnicos, mas com elevadas somas envolvidas. ou não, mas isso é de somenos importância. eram coisas superficiais discutidas com grande seriedade.

(**) a propósito de isto.

(*) pode-se começar um parágrafo assim. CFR com o filme "finding forrester", em que entra um rapaz que é preto e o melhor james bond e o outro que era  o vilão do filme "amadeus", mas que, segundo parece, é um notável compositor, por mérito próprio. eu até sei o nome dele, até porque ando a ouvir a antena 2 no trânsito e isso, mas não quero estar agora a armar ao pingarelho.

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tradução livre de frase retirada de um filme visto num centro comercial, mas um bom filme, nevertheless:

a verdade é como a poesia,
mas quase ninguém gosta de poesia, ó o caralho.

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