eu, louras, até que nem coiso assim por aí além, mas as moças não fazem doer os olhos e eu não vim aqui pra ralhar.
assim, cá fica uma cançãozinha que vá lá, vá lá...
a pungente história de uma mulher que, em se fartando de levar nas trombas, lá se resolveu a resolver o assunto à machadada.
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a expressão "nem coiso assim por aí além" é uma citação de mim próprio, numa conversa específica com um gajo específico a beber uma cerveja específica. mazinha, por sinal, mas era produção caseira e eu, quando bebo, dá-me para a empatia e para o riso:
um gajo específico - tu tens algum tipo de mulher preferido?
eu - sim. bonitas.
um gajo específico - não, pá... louras, ruivas, morenas...
eu - pá... louras não coiso assim por aí além. mas há excepções.
um gajo específico - pois: ruivas, morenas...
eu - gosto das que são mistura disso tudo, também...
foi bom perceber que a minha ideia do filme era a mesma da do realizador.
nos flick-flacks encarpados que a nossa cabeça faz (digo nossos, mas é uma pressuposição esperançosa. sofre-se menos quando não se sofre sozinho) imaginei o meu avô, sentado numa pedra enquanto comíamos quando íamos à caça, há 50-cinquenta-50 anos... ele observava-me, ouvia-me, falava comigo. ele não conseguiria imaginar-me à distância de cinquenta anos. nem eu. nem ninguém.
seja como for, imaginei-o a ver-me a perceber que a minha ideia do filme era a mesma da do realizador. gostei disso.
julgo que ele concordaria com a ideia de que "se gostar de mulheres é um defeito, então também eu sou defeituoso", como horizonte de interpretação da frase:
- eu não medo de lésbicas... tenho é medo dos meus sentimentos por elas.
fiquei a pensar na palavra deslumbrante e do seu sentido. poderia ter dito significado, mas é sentido que quero dizer. o deslumbramento é de fora para dentro, mesmo mexendo com o dentro.
se ficar deslumbrado é ficar fascinado ou maravilhado, e é, também é uma vertigem devida a excesso de luz. e é nesta acepção que, ontem, a palavra era um tanto abusiva.
comentei com a cinéfila do lado que achava a anabela moreira muito bonita. ela, a cinéfila, respondeu: "despe-se em todos os filmes..."
muito atencioso, da parte dela, da anabela, pensei para comigo, mas não é por isso que a acho bonita.
sempre associei a bexiga (julgo que espanhola, mesmo) em que o meu avô levava o vinho para a caça à guerra civil espanhola e à espanha em geral, incluindo a leitura diária do d. quixote, de cervantes, que é o que se tem coiso antes de se adormecer.
daí que comer pão com queijo e vinho, sentado numa pedra (incluir paisagem cársica em fundo), gostar de mulheres bonitas, ter capacidade de deslumbramento, compreender seja o que for ou ser-se compreendido, enfim, essas coisas, levam-me a que