2023/11/29

when poetry fails me

no livro "os cães ladram facas", num poema específico que fala de um tipo de amor diferente, bukowski diz:

ouço os motores na noite
e através do céu uma mão
alva acena:
boa noite, querido*, boa noite.

agora, mais tarde, que relembro a lembrança destes versos numa noite também ela específica, apercebo-me que não foi a poesia que me falhou, mas antes o que falhou foi o timing. melhor dizendo, foi a inadequação entre a consciência da poesia e a consciência do momento.

mas a poesia está acima de certas circunstâncias.
sair-se ileso pode ser poético, tanto quanto o morrer o pode ser.
um dia destes dedicar-me-ei à procura de paralelismos entre a poesia e o zen
só paralelismos, pois a identificação completa é, por natureza de ambos, impossível.

mote (ou estribilho, ou seja o que for):
paralelismo 1 - tanto a poesia quanto o zen podem ser instrumentalizados na insónia, com igualmente fracos resultados.
paralelismo 2 - tudo o que se disser sobre poesia ou o zen pode ser e será contestado, mais tarde ou mais cedo.
paralelismo 3 - ...


* querida, na tradução original




________________________ 


follow-up, retirado do mesmo livro:

haverá sempre dinheiro e putas e bêbedos
até à última bomba,
mas como Deus disse,
cruzando as pernas,
vejo que fiz poetas de sobra
mas não muita
poesia.

bye-bye bicycle

tell me how/if you ride your bike, i´ll tell you who you are...




2023/11/25

2023/11/22

hipocrisia?

ela dizia-me que estava feliz, que estava tudo bem, que tudituditudo...
eu fiquei feliz por ela, mas, o tempo todo, não me saía da cabeça aquele vestido que ela usou sem soutien uma vez... aliás, esse foi o leitmotiv.
fiquei, sinceramente, feliz.
aquele mamilo estava, singelamente*, vestido.


* pequeninamente mordível, na versão original


feels right

2023/11/16

"sexy as fuck" ou "pernão"*

 


isto a pessoa, para tirar os três à rede de internet da casa, tem em streaming, enquanto trabalha, o canal "tiny desk  concert" (amaricano)  do yutube e, sem reparar, dá por si a ouvir mui agradado um instrumental de guitarra portuguesa (o nome da peça é "minha alma"#) e afinal descobre que é uma gaj... uma senhora que está a tocar e descobre que se chama Marta e descobre que está a tocar na américa e descobre que a gaj... a senh... a Marta é toda gostosa e, concentradíssimo já em pesquisas por imagens, descobre isto. 
cum catano!!!


* disseram-me de uma moça que alterou o apelido no seu endereço electrónico. mudou de "naoseiquê pernão" para "nãoseiquê pernoa". fica a nota.
# nunca encontrei o poema gráfico almaminhalmaminhalmaminha na net...


2023/11/10

not bad

 não está a correr mal: o trabalho e a audição da obra integral de leonard cohen.

estava capaz de almoçar por aqui para ver as gaj... por razões logísticas, mas tenho quir ver do cachopo, ó o catano.


nunca tinha reparado bem nesta canção... 
deixo esta versão porque gostei da tradução e da interpretação in'italiano.

2023/11/05

highlight of the day

a conversa que se transcreve, se não corresponde, ipsis verbis, ao que foi dito, corresponde, ipsis imagines, seguramente, ao que eu ouvi:
...
A - quem mora aí é uma colega minha, muito querida. a área dela é Trabalhos Manuais.
eu - é gira?
A - aaaaa... não...
eu - não faz mal... se é querida e é especialista em Trabalhos Manuais, vejo aí uma possibilidade.
...
(interlúdio)
...
A - eu, padel, experimentei, mas não é a minha actividade favorita... quando isto estiver mais folgado conto regressar à equitação.
eu - aaaaaa... ok.... (vi demasiados filmes para adultos, eu)... está bem.

da série "songs from the seas", um proto-sub-produto de "tales from depression"

gaze

 das circunstâncias do espectador profissional/existencial:



"in vino veritas" ou "easy coolness"

 

não tenho a certeza, mas acho que a M. estava por aqui a fazer a cena dela, tal como a Cátia. 
é bem.
muito bem, mesmo.

hindu mithology

note to self:

Laxman é filho de Durga (e não Purga, como eu pensei que era o nome).



jr lust for nothing

 

lembrei-me desta canção porque contava, em conversa caseira, como o aguardela havia dito ao seu pai, agradecendo-lhe o ter tido a oportunidade de estudar, que tinha desistido do curso de direito no quarto ano... "a minha vida é a música". 
também me lembrei porque, por ter o cérebro em over-ride de ecrãs, dei por mim a comer com imagens de guerra (notícias) em pano de fundo. 
o som estava desligado, a televisão estava apenas, silenciosamente, a "fazer-me companhia" enquanto trabalhava. é tão triste, a idade. 
a guerra, mesmo não parecendo, vista daqui, é real. 
qualquer morte televisionada é mais real do que a minha vida, neste momento, mas, infelizmente, os efeitos são análogos. 

mas nunca me deu.