2011/08/25

braille?

"comparada com a leitura das páginas escritas, a leitura que os amantes fazem dos seus corpos (desse concentrado de mente e de corpo de que os amantes se servem para irem juntos para a cama) distingue-se na medida em que não é linear. Parte de um ponto qualquer, salta,repete-se, volta atrás, insiste, ramifica-se em mensagens simultâneas e divergentes, torna a convergir, enfrenta momentos de enfado, volta a página, retoma o fio, perde-se. pode reconhecer-se nela uma direcção, um caminho para um fim, , na medida em que tende para um clímax, e com vista a este clímax dispõe fases rítmicas, escanções métricas, recorrência de motivos. mas o fim será mesmo o clímax? ou a corrida para esse fim contrasta com um outro impulso que luta contra a corrente, a reviver os instantes, à reconquista do tempo*?"

* por lapso, tinha escrito aqui "à conquista do corpo". (os actos falhados e mais não sei quê...)

do livro "se numa noite fria um viajante", de italo calvino, que é assim tipo a cena que se anda a ler e isso...

Sem comentários: