2021/01/05

vórtice nabantino

fios de evaporação elevam-se do rio nesta manhã fria. eu reparo na beleza do quadro, lembrando antecipando os risos das raparigas perante a demonstração de bravura dos rapazes, que se atiram da ponte. 
há sempre mais tempo, mesmo após o tempo disponível. o tempo disponível... esse luxo. 

tenho os pés frios. a noção de que a maior decepção é a que se funda na esperança não ajuda. 

duas mulheres bonitas trouxeram-me notícias, hoje. 

morreu alguém da minha gente. 
alguém que, no seu tempo, agora indisponível, amou, sofreu, desejou, sonhou... um dos exemplos da minha definição da tradição familiar: mães solteiras e perturbações mentais. 

averiguar, no futuro: 
a consciência da limitação do tempo torna-nos a todos uns loucos filhos da puta? 
é loucura pensar que o tempo não é um grandecíssimo filho da puta? 
somos todos putas, filhos de num tempo louco? 
(talvez seja melhor deixar isto sossegado...)

gosto da promessa de verão que todos os dias frios contêm.

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