2021/05/05

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COMO SE NUNCA
Ángel González


É algo mais que o dia o que morre esta tarde?
O vento,
                          – que leva ele,
que aromas arrebata?
Desatadas de súbito as folhas das árvores
cegas vão pelo céu.
Pássaros altos atravessam, adiantam-se
à luz que os guia.
                               Sombria claridade
será já em outro sítio
 – só por um instante –
madrugada.
      Com bandeiras de fumo alguém me avisa:
      – Olha bem tudo isto;
isto que passa
não voltará jamais
e é como se não tivesse nunca sido
     efémera matéria de tua vida.

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