COMO SE NUNCA
Ángel González
Ángel González
É algo mais que o dia o que morre esta tarde?
O vento,
– que leva ele,
que aromas arrebata?
Desatadas de súbito as folhas das árvores
cegas vão pelo céu.
Pássaros altos atravessam, adiantam-se
à luz que os guia.
Sombria claridade
será já em outro sítio
– só por um instante –
madrugada.
Com bandeiras de fumo alguém me avisa:
– Olha bem tudo isto;
isto que passa
não voltará jamais
e é como se não tivesse nunca sido
efémera matéria de tua vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário