2022/07/23

tudo seria demais, mas...

hoje li um poema de que tive pena de não gostar.
era do antónio gedeão, acho.
gostei do tema e da "mensagem", vá... mas não gostei do poema.

entretanto...

eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

isto é de pessoa, do poema em linha recta

mas vim daqui:
 parece que não é do neruda, e antes de uma brasileira, martha medeiros (mas acho que há um excerto usado por ambos, em poemas diferentes. há, de qualquer modo, várias versões. não me interessa)

morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples facto de respirar. somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade
 

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