2010/01/05

nortarda

não sei por quê acho que devo escrever algo sobre a coisa dos polvos a dar à costa.
e nem tem só a ver com o facto de me terem perguntado se seriam comestíveis. eu, numa tentativa séria de resposta ponderada, ainda tentei um "tudo dependerá se chegaram vivos ou não, apesar de achar que aquela macacoa que dá às baleias-piloto não será o mesmo que..." quando fui interrompido pelo locutor "foi também encontrado um pé humano, calçado".
tenho pensado nisto nestes últimos dias. em certos momentos imagino os polvinhos todos num gigantesco abraço fraternal colectivo, tão apropriado a esta quadra festiva, lenta a gradualmente entrando numa espécie de euforia de ventosas, num high de sucções (suspeito que esta é daquelas palavras que caem na alçada do acordo ortográfico. mas acho que nunca a escreverei sem dois cês), naquilo a que poderíamos chamar um 696969696969, talvez.
mas, mais tarde ou mais cedo, aparece a imagem do pé, calçado, a desconcentrar-me.
é como digo. tenho pensado nisto sem saber muito bem o que pensar.

tenho pensado noutras coisas, como, por exemplo, na vaga sensação de o facto de nunca ter ido às putas ser uma lacuna na minha formação ou, noutro registo (apesar de ficar aqui tudo registado no mesmo sítio), na insidiosa alusão de que, talvez, a minha profissão seja mesmo a de tarefeiro. um tarefeiro muito específico, quiçá, mas tarefeiro. mas ainda assim deverá haver alguém disponibilíssimo para me "incentivar" a desempenhar essa tarefa muito muito bem, coisa que, partindo eu de pressupostos na maioria das vezes diferentes, até gosto de fazer.
estava capaz de fumar aqui um cigarro...

e fazer miminhos a gente com óptima estrutura óssea?
e suster a respiração?
e bater o pé ao som de uma one-girl-band?
e dizer a uma mulher bonita, tocando-lhe nas pernas, que o ministério das pescas não autoriza rede daquele tipo?
e barrar tostas com o molho-sangue da cachola?

off-road joke:
para quem não sabe o que é cachola, passo a explicar - first we assassinate a pig...

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