passagens sortidas d'"a cruz de santo andré", de camilo josé cela
"don severino ri-se muito com as histórias da mamã de adelita, mas depois não as quer contar a ninguém, deve ser por discrição. a dona mencía encontra-se algumas vezes com don severino no bar hong-kong, na rua da galera, eles julgam que ninguém sabe, a dona mencía conta-lhe as porcarias da mamã da adelita, aqui ninguém pode falar de ninguém porque todos têm muitas coisas que ocultar, o don severino gosta de escutar mistérios e intimidades, isso é frequente e não nos deve surpreender.
- não trazes cuecas?
- e que tens tu a ver com isso?
- ora, nada, é só curiosidade.
- pois, é verdade, não trago cuecas, sabes que ando sempre sem cuecas, comprova se quiseres.
don severino, por baixo da mesa, comprovou o que já sabia, a mulher abriu um pouco as pernas e tapou-se com el ideal gallego, não custa nada ser-se discreta."
"acontece à arte como à ciência e na vida e na morte está subjacente a mesma pretensão, estas quatro fontes são exactas ou reais mas não exactas ou reais ao mesmo tempo"
"teria gostado de depor um raminho destas flores silvestres sobre o teu túmulo, mas não foi possível porque tu ainda não estás morta, devem respeitar-se sempre os confusos e também inescrutáveis desígnios de deus"
"peço perdão porque não tenho outro remédio, gostaria que alguém me ajudasse a enriquecer a minha vã existência, bem sei que é pedir pêras a um ulmeiro, contentava-me que alguém me ensinasse as técnicas básicas da meditação, algo que me fizesse conhecer a minha mente e vencer as minhas inquietudes,a minha negatividade, sei que é pedir demais"
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