há cerca de vinte anos que procuro um poema de antónio ramos rosa.
não sei como se chama ou em que livro está.
sei que, se o reencontrar, o identifico e reconheço claramente.
mas, como diz o povo (eu não sou povo, sou mais estúpido do que o povo): quem procura, acha (mesmo que não ache o que procura).
achei este, que se chama:
os simples
acabaram-se talvez os excessos e os impulsos
dissipámo-nos na luz como uma sombra.
mas as palavras continuam feridas e comovem-se
em presenças verticais no vento, em obscuras chamas.
que alianças, que pedidos sem fim, que consentimentos
perduram ainda nas palavras feridas!
é já a música nos flancos e nos ombros
e a argila leve do desejo e um frémito de folhas
e o vento e a ausência que quase diz um nome.
nós aceitámos o ardor e o luto, o deserto das mesas.
porque quisemos recomeçar na génese das pedras
ao nível do repouso simples das folhas e da cinza.
dissipámo-nos na luz como uma sombra.
mas as palavras continuam feridas e comovem-se
em presenças verticais no vento, em obscuras chamas.
que alianças, que pedidos sem fim, que consentimentos
perduram ainda nas palavras feridas!
é já a música nos flancos e nos ombros
e a argila leve do desejo e um frémito de folhas
e o vento e a ausência que quase diz um nome.
nós aceitámos o ardor e o luto, o deserto das mesas.
porque quisemos recomeçar na génese das pedras
ao nível do repouso simples das folhas e da cinza.
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