(no domingo passado) um dia destes vi uma mulher lindíssima...
um amigo que se encontrava na minha presença tentou enquadrar essa visão mais cabal e rigorosamente:
"a loura, lá dentro, era melhor".
nunca o fiz perceber (acho que nunca tentei) que a questão não é o ser "boa"...
recapitulemos (ou, rendamo-nos outra vez):
"no domingo passado vi uma mulher lindíssima"
esta frase abarca detalhes, pormenores, atitudes, matizes, estruturas, odores, ângulos, ritmos, pausas, (acho que me apetece escrever míriade) enfim, uma míriade de determinações que tornam a frase no oposto de qualquer apreciação banal ou banalizável...
(a loura foi liminarmente relegada para plano secundário pelo raciocínio simples: falta de critério no uso de eye-liner)
aquela alça de soutien
só podia ser usada
assim naquela pele, numa pessoa com
aquela segurança na forma de andar e de não olhar olhando, com
aquele veludo, combinado com tacões
assim...
se isto se tivesse passado há alguns anos, eu teria tido o cuidado de usar o adjectivo "belíssima"... (o que é estranho, dado que é lícito pensar-se que há mais vigor na juventude). mas, à medida que uma espécie meio espúria de "crise-de-meia-idade" se aproxima, tenho tido tendência a achar
tudo mais profanável.
tilt, tilt, tilt, tilt, tilt, tilt!!!
a questão do grau:
sinto o mesmo que sinto há anos por não ter dirigido a palavra a michelle pfeiffer quando tive a oportunidade.
não sei que nome terá isto que sinto.
apenas sei que devia ter-lhe dito
alguma coisa.