2009/08/22

scavengers abroad

a fictional tale from a puritan country

está próximo o dia, suponho...
não faltará muito tempo (talvez tenha sido o sentido de urgência que nos ligou desde o início) para que me digas "não fiques triste" sem me dizeres onde estás...
di-lo-ás convictamente, com uma verdade difícil de encontrar na ligação entre as palavras e o seu significado. di-lo-ás a meia voz, na intensidade e modulação permitidas pelo recurso à pequena parcela da tua consciência que não se encontra submergida pelo prazer intenso.
"não fiques triste".
eu eu não fico triste. tristemente, não fico triste. (... também pode ter sido um certo sentido de impotência. uma impotência exterior...)
amo-te agora.
amas-me agora, simetricamente.
amo também (como tu. exactamente como tu: não amando) o homem que arremete contra o teu corpo, que te prende pelas ancas, que te... (como consegues tu ainda segurar o telefone?)... o homem que te trata como ninguém. percebes? como ninguém, como nada, como nem quase-coisa... não é fácil, isso. tu és difícil. o esforço que é preciso fazer para que te possas sentir tu!
não fico triste.
tenho o orgulho pouco disfarçado de quem obteve com muito esforço tudo aquilo que nunca quis. e, apesar de neste preciso momento duvidares disso, sou homem.
mas as fronteiras do nosso inter-tempo sempre foram definidas com uma economia de meios impressionante: "não fiques triste" é tão perfeitamente claro como a minha preferência por gatos, justificada de viés e ambígua como um luto antigo. (serve?)
nós somos assim. não é por mal. nem para o mal.
e seremos sempre nós, assim.
serve.
beauté oblige.
o tempo urge.

Sem comentários: