A delicada majestade | ||||
Um dia poderás chegar, tu que nunca chegas porque não és um tu ou porque chegas sempre em não chegares. Subi um dia por uma escada silenciosa e em torno era um pomar branco, tranquila maravilha e eu senti, eu vi, adivinhei a divindade amada, a soberana e delicada majestade. Que suavidade de oriente, que suave esplendor! Era o fulgor de um sono límpido, entre olhos verdes, entre mãos verdes. E num repouso de oiro adormecido era quase um rosto Antiquíssimo e inicial. Contemplava a quietude de um imenso nenúfar e a fragrância era quase visível como um mar entreaberto. Era um rio detido ou uma tensa nuca ou um braço estendido que descansa entre ribeiros primaveris ou era antes a serena felicidade e era uma boca da terra que não cantava que não dizia o silêncio ardente que no peito de espuma cintilava. António Ramos Rosa |
2011/02/15
nenúfar/lótus
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