2021/07/08

pilha

sou daquelas pessoas que tem os livros de mesa de cabeceira espalhados pela casa.
na dita mesa de cabeceira jazem, neste momento:
os crimes do amor, marquês de sade
o estorvo, de chico buarque
o ano da morte de ricardo reis, de josé saramago
epítome de pecados e tentações, de mário de carvalho

há quarenta e um anos, mais ou menos, eu tinha uma bicicleta verde, que tinha um suporte com umas molas que seguravam com grande eficácia três ou quatro livros, maioritariamente de banda-desenhada.
eu lá ia, não sem alguma dificuldade devida ao sobrepeso e aos desníveis, até um local que achasse aprazível, à sombra de uma árvore, afastava-me do mundo (dos outros) e não reparava na passagem do tempo. habitava uma realidade paralela.
ainda hoje gosto de ler, mas sou menos esquisito com o local ou ambiente circundante. o afastamento consegue-se, não obstante.

sou e não sou, hoje, a mesma pessoa.

a vida de hoje torna difícil a procura de sombras aprazíveis e a passagem do tempo faz-se anunciar tantas vezes de forma violenta e inoportuna...


1 comentário:

©carmen zita disse...

Na minha dita mesa estão "O Vício dos Livros", de Afonso Cruz, "Consentimento", de Vanessa Springora (vais gostar, acho eu) e "Contra mim", de Valter Hugo Mãe.
Beijos.