2009/07/30

noir folder

o carácter premonitório das circunstancias... a intromissao de bichos voadores, grandes, que se veem a morrer, pela manha, enquando se ouvem os passos dela a por a mesa, no terraco, para o pequeno almoco.

e as noites de todas as noites numa noite

as vidas de todas as vidas num amor

e, do resto, nem rasto.



flácido domingo

e a malta vai assim tipo na boa, sem fazer a mínima para o que ia...
determinacoes como passeio, voltinha, "passeio pedestre"... coisas assim... passavam-me vagamente pela cabeca.
pois...
logo após os primeiros 100 metros, informei o meu "amigo" de que iria permanecer calado, sob pena de me rebentarem os pulmoes. ele elogiou o meu discernimento, aproveitando para informar que aquela era a zona mais fácil do percurso (panico!!)...
o percurso tinha indicacoes de 1/2, 3/4... mas nao tinha (ou eu nao o vi, que se tivesse visto...) este:



é que podia ter corrido mesmo mal...
se eu fosse mais coiso ainda pursessava estes gajos, ó o catano!

...

all is well when good doesn't end

a expressao "tudo está bem quando acaba bem"é uma idiotice pegada.
tudo está bem quando está bem (e ainda assim nao convém pensar muito nisso).
quando acaba, nao está. nem deixa de estar. o passado nao é. foi.
quando o passado é um sendo, nao acaba nem está bem nem mal.
mas o passado pode ser um bem. basta, para tal, que se pense no presente como algo patrimonial (aquilo que cada um lega e herda sumultaneamente a e de si próprio.
mas o presente nao existe.
apenas há memória e desejo.

2009/07/29

tarde de lugar-comum

ora bem... temos portanto(*) uma guitarra folk com um som muito cool, temos uma sebenta com folhas em branco (as outras estao sujas com escrita e isso) e temos uma canetinha roll-on que escreve finíssimo, aí na casa dos 0,25, 0,3 no máximo, milímetros...
a ideia era vir até aqui, na digestao do riso provocado pelo acontecimento de irritar toda a gente ao insistir em deixar o televisor ligado no canal country music television. pelos comportamentos infiro que seria algo de semelhante a um bombardeamento de música pimba 24 horas por dia. mas há uma grande diferenca entre o género pimba e o género country: o cabelo. o cabelo dos homens, mais precisamente.
o cabelo das mulheres da country é, em geral, pimba. mas o traco distintivo é a arquitectura capilar masculina.

disclaimer argumentativo: o facto de as temáticas serem mui dissemelhantes (pick-ups, caes e coracoes partidos no caso da country e sexo puro e duro, ou impuro e mais mole quando se almeja o cúmulo da catarse, no caso da pimba) é secundário. aliás, este fenómeno explica-se facilmente pelo facto da primeira assentar geralmente numa lógica valorativa (semi-religiosa)básica de céu-inferno, enquanto que a segunda nao tem um sítio claro onde assentar. flutua antes sobre as encolhas de um esquema valorativo ambivalente resultante de uma fé mediada (que deus me perdoe se eu nao pimbo a minha comadre antes do sol-posto) e da eterna confusao entre a ética e a estética (que rapariga tao boa...).

mas voltemos ao que interessa e que é o escopo deste pequeno ensaio, ou, noutro sentido, que é a forma que eu arranjei de passar esta tarde de calor em que sinto as costas encharcadas de suor enquanto o meu braco molha a guitarra, a saber, o cabelo dos músicos (?) de ambos os géneros.
é óbvio que poderá haver um ou dois pontos de semelhanca, mas, na essencia, o hair-style country é mais cool do que o seu congénere tuga.
para comecar, nao dá hipótese: está, na maioria dos casos, escondido por um chapéu de aba larga (sim, já tenho outro. este é patrocinado por uma marca de cerjeja de que gosto, o que me dá mais pontos de coolidade). imagine-se um tipo a conduzir gado ou a manobrar uma ceifeira mecanica num campo onde cabem 3 alentejos... aquilo é de homem.

(pausa para almoco - a editar futuramente) (pense-se só em: marco paulo, fase dos caracois; nel monteiro; MARANTE: o milimetricamente arranjadinho emanuel...)

let's just go forward...


2009/07/26

isto digo eu, nao sei...

por motivo de os teclados desta zona do mundo nao (eu nao digo?) terem acentos, cedilhas e outras mariquices que eu aprecio, é provavel que eu nao poste grande coisa nos proximos dias...
sei lá... irrita-me.

mas como eu penso sempre em quem me le (ola, mae!), já sei que ecoam dentro dos vossos cranios as palavras: mariquices que eu aprecio (aspas tambem nao coiso...)

fiat, ou faca-se uma lista:
- comedias romanticas
- banhos de imersao
- sexo com amor
- motoserras
- sapatos
- chocolate
- usar rabo de cavalo
- sangria
- um polvo que toque variadissimos instrumentos musicais (tipo trombones, harpas, adufes, violinos, aquelas cornetas enormes dos gajos do tirol...) e assim ganhe o seu sustento... ate que um dia, á falsa fé, um artolas lhe trouxer uma gaita de foles e o sacana do polvo morrer ingloriamente na tentativa de tirar o pijama á gaja para lhe poder mandar uma queca como devia ser...
- óleo hidratante
- (já disse comédias romanticas?)
- tony carreira...


estava a brincar, agora...

última hora!!!

somos a informar que o programa espacial portugues foi cancelado.
motivo: acabaram-se os andaimes.

2009/07/16

abertura fácil... encerramento difícil...

canção de rolando*

- então? está tudoemmentementoderememnte... se desejemendementedetemmemenem é só dizer. posso trazer menheledementemenenananante e se for preciso medeledememdatemente...

* mas talvez não o clássico da literatura medieval.

after all, it lives...

this is it!!!!!! muito obrigado por tudo...

lista de coisas a fazer antes de...

- aquela viagem
- aprender a fazer comida tandoori
- fazer um alvo, em madeira de faia, para o arremesso de machados
- montar as cadeiras
- assumir-me como _________________
- fazer a cama
- ver a aurora boreal
- aprender a comer certos pratos com faca e garfo
- viver como se "só conseguimos sobreviver ao choque da aterradora revelação de que se vive o momento presente porque o passado nos ampara de uma banda e o futuro da outra"
- dar um beijo de boa noite
- caminhar sob a tempestade
- ...

lembraram-me assim a modos que disto...

otocaravana

tia do mar: sabes onde estão as chaves da caravela?
a: da coisa?
je: da passarola...

2009/07/15

dia sem carpa

o nosso espírito moderno quase pode dispensar a linguagem; até as expressões mais triviais passam a servir quando não há expressão que nos sirva; daí que a mais banal das conversas seja muitas vezes a mais poética, e o mais poético é precisamente aquilo que não pode registar-se por escrito. razão por que aqui deixamos um grande espaço em branco, devendo entender-se esse espaço como estando cheio até mais não.*








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estou triste. sinto-me triste. não são a mesma coisa, dado que, por vezes, estou triste e não me apercebo disso.
à beira de uma nova série de "canadian diaries" não quero escrever nada.
é mau sinal, isso.
desta vez (se) tudo deve acontecer (aqui) em tempo real, ou quase. mas isto dos posts não é como os pãezinhos quentes... a imediatez do consumo não confere mais qualidade.

não quero coisa nenhuma. para mim, pelo menos.
acho que a idade me torna, num sentido, menos egoísta. minto. torna-me ainda mais egoísta, mas indirectamente.
não me torna mais sábio, mas não sei se isso não será um bem.

* ainda "orlando", v. woolf

sample

lembro-me sempre dela assim, atravessando a rua num passo apressado que não lhe era habitual. dirigia-se para mim e sorria.
magnífico sorriso, o dela. alguns homens com quem falei tinham como lembrança mais forte do primeiro contacto com ela os seus lábios. a sugestão dos seus lábios, nalguns casos...
eu não.

nem parece que se passaram estes anos todos.

guloseima



I'm a heartless man at worst, babe
And a helpless one at best...

musiquinha só para coiso...

2009/07/14

out of the blue

caldeirada de peixe ou not pinóquio...*


















ou chapter zero interlude.

imago dei

há um poder intrínseco a cada um de nós no exacto momento do despertar... como se a passagem do sono (ou sonho?) à vigília nos instituisse um poder original: ser-se dono e senhor. seja do que for. no limite, do resto do dia.
absolutize-se!
comecemos pelo teu look de hoje...

2009/07/12

not all is fair (nem tudo é feira)

registo da ocorrência:
almoçou-se. tomou-se café. rumou-se ao recinto da feira, tendo como plano de actividade a gestão de espaços/interesses dos feirantes.
aguardava-me uma espécie de lista de precedências onde constavam nomes de múltiplas origens.
rapidamente se constatou que as possibilidades de realização de um trabalho razoável (para nem dizer racional) eram diminutas.
está-se, portanto, no habitat natural: assume-se o caos e confia-se na diplomacia. as minis estão frescas, valha-nos isso.
se a senhora dos pintos aparece por aí e vê que o seu espaço de negócio está ocupado por alguém que vende sapatos a 1 euro, estou lixado.
"sabe, senhor, isto as feiras onde acabou o gado morrem todas".
"pois... suponho que o gado seja importante. eu próprio, há mais de 20 anos, só vinha à feira para ver o gado", respondo eu, reparando que o sorriso do meu interlocutor revela a experiência de vida que eu lhe adivinhara.
reparo no ourives, nas senhoras que apreciam anéis e brincos todos parecidos entre si. lembro-me do filme "sapatos pretos" (por muitas razões). perco-me em memórias várias e peço mais uma mini.
detecto uma situação que requer a minha intervenção mas decido ignorá-la. logo se vê...
vamos à mini, enrolando um cigarro.

(pausa)

quebra na pausa só para referir que dei nome a esta nova sebenta: "the after-burn era".
(façamos de conta que não tem meia dúzia de textos já com uns meses)

indie loveless

2009/07/11

the look of bove

preguiçexigência

nem estendes o braço nem aceitas que te dêem a mão

bons/maus caminhos











fotka: anita

2009/07/10

d-r-e-a-m-i-n-g

ando a ler isto:
um homem capaz de destruir ilusões é simultaneamente fera e mar. as ilusões são para a alma o que a atmosfera é para a terra. retire-se esse brando ar a planta morre, cor esvai-se. a terra por onde andamos é lava requeimada. é marga o que pisamos, e seixos ardentes escaldam-nos os pés. a verdade arrasa-nos. a vida é um sonho. é o despertar que nos mata. quem nos rouba os sonhos, rouba-nos a vida.
orlando, uma biografia - v. woolf

"deambulações antropológicas" ou "volta à beira-alta em 80 dias"

vi num blog cool esta advertência na caixa dos comentários:
"Este é um blogue de fruição do texto. De partilha. De crítica construtiva. Nessa linha tudo será aceite. A má disposição e a predisposição para destruir, por favor, deixe do lado de fora da porta."
achei apropriado.
mas o que me faz trazer isto aqui é a expressão "do lado de fora da porta".
deixar do lado de fora é uma opção que não é isenta de condições "sine qua non"...

falava há dias com uma rapariga de uma natureza que eu pensei extinta há praí umas 3 décadas. andava ao dia a trabalhar no campo. "umas vindimas, uma azeitona quando é o tempo... apanha-se uma caruma...". era muito bonita e eu perguntei-lhe se ela tinha namorado visto que, dizia-lhe eu, seria certamente alvo do interesse dos rapazes. respondeu-me com um delicioso sotaque beirão "você deve estar com alucinações!".
das competências que, no seu ponto de vista, a tornariam mais desejável para futura esposa destacava-se a que a seguir se apresenta: "tenho a estrumeira aprumadinha à porta de casa", mau grado a falta de pretendentes.
ri-me a bom rir desta frase e ela riu-se comigo, suponho que do meu riso.

da obscura referência a um vitelo e a um cavalo chamado trovão (tenho a certeza que era este o nome) quando se abordou o tema da falta de rapazes não posso dar notícia em rigor. não tenho memória de todas as frases ditas por ambos.

quesito

de que vale ser voraz, volátil, volúvel, capaz?

2009/07/06

we are the gang, we are the childreen...

yo - repararam que aquilo era tudo gente doida?
hermana - é... quase todos eles tinham falta de um parafuso...
cuñado - e de dentes.
(risos)

rien

morreu-se-me o competador...
ressuscitou-se-me, mas mais coiso...