2009/07/15

dia sem carpa

o nosso espírito moderno quase pode dispensar a linguagem; até as expressões mais triviais passam a servir quando não há expressão que nos sirva; daí que a mais banal das conversas seja muitas vezes a mais poética, e o mais poético é precisamente aquilo que não pode registar-se por escrito. razão por que aqui deixamos um grande espaço em branco, devendo entender-se esse espaço como estando cheio até mais não.*








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estou triste. sinto-me triste. não são a mesma coisa, dado que, por vezes, estou triste e não me apercebo disso.
à beira de uma nova série de "canadian diaries" não quero escrever nada.
é mau sinal, isso.
desta vez (se) tudo deve acontecer (aqui) em tempo real, ou quase. mas isto dos posts não é como os pãezinhos quentes... a imediatez do consumo não confere mais qualidade.

não quero coisa nenhuma. para mim, pelo menos.
acho que a idade me torna, num sentido, menos egoísta. minto. torna-me ainda mais egoísta, mas indirectamente.
não me torna mais sábio, mas não sei se isso não será um bem.

* ainda "orlando", v. woolf

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