2025/06/22

lavoro

cenas que se lêem:

O facto da minha mãe ser invisual fez-me, desde muito cedo, olhar para o mundo com outros olhos

e eu, que tento ser bom profissional, devia ter vergonha.


2025/06/19

a vida é cheia de merdinhas cheias de significado

 


vi, há tempos, uma coisa na net que eram duas, começava com duas, bolinhas que estavam a mover-se dentro de um círculo, ressaltando das margens do círculo e que, caso se tocassem, se replicariam em outras tantas bolinhas, quatro da primeira vez, claro, e que continuavam, todas as bolinhas em movimento, a repetir o processo até o círculo estar completamente saturado de bolinhas e já não ser possível o movimento, apenas o infinito replicar de bolinhas... 

2025/06/10

paso doble

2025/06/09

defacing cohen

...
sometimes I'd head for the highway
i'm old and the mirrors don't lie
but crazy has places to hide in
that are deeper than any goodbye
...
tired of choosing desire
i've been saved by a blessed fatigue
the gates of commitment unwired
and nobody trying to leave
...

2025/06/07

non-alcoholic

na promoção ao filme sobre shane macgowan vê-se o próprio a afirmar:
we're better when we're sober. 
but it´s not as much fun. 
so we get drunk.

eu diria:
it's fun when i'm better.
but i´m not as sober.
so i get drunk.

mas não digo.
porque
i don´t get drunk as much as i think
i have more fun than i think
i'm better than i think

seja como for, em tendo vagar, vou procurar por isto:



sei... já saiu há uns anos. também eu...

2025/06/01

either/or

"até ficas magro"

guido - master planner

defecando pode-se pensar na vida e na morte. comendo pode-se pensar em tudo, mas muito mal. no coito não se pode nem se deve pensar em nada. é esvaziamento místico. mas para todos.


fornicar vem de fornice (arco, curvatura inferior de uma abóboda) porque debaixo dos arcos era onde se encontravam em roma as putas. só aquele que fornica ao ar livre, sob a abóboda do céu é um verdadeiro fornicador.


do livro o silêncio do corpo

2025/05/11

convergências

"para o António todas as mulheres eram belas, todas as extravagâncias lhe mereciam um sonoro, mas bem-humorado, “ó valha-me Deus”"

esta frase é deste artigo, onde luís guerra fala da morte de antónio pires.
não conheço luís guerra, mas conheci, breve e intensamente, o antónio pires.

estávamos nos bons sons, mais precisamente na esplanada do aliquete, antes e durante o sound-check d' a garota não, razão pela qual metemos conversa.
tomámos café e conversámos. sobre muitos assuntos, mas principalmente sobre música. música e mulheres. na música. e fora dela. 
os seus tempos no blitz correspondem quase exactamente aos meus anos de leitor assíduo do blitz.
falámos tanto que reconheci imediatamente o retrato contido na frase inicial.
a conversa só foi interrompida quando eu fui falar com a cátia, após lhe ter confidenciado os motivos. não era (só) uma coisa de fã... 
voltei para a "nossa" esplanada, continuámos a conversar, bebemos. bebemos muito, comemos, continuámos a conversar... ficámos amigos no facebook (é só gajas, disse ele, não ligues...).
por altura do espectáculo tínhamos um grupo ao nosso redor. malta mais nova que ouvia histórias (mais as dele, claro) sobre o bairro alto ou o johnny guitar.
ouvimos, entre outras, esta canção, mas é nesta canção que reparo que ele chorava. chorava abertamente, comoção hipervisível.
um homem jovem abraçou-o. ambos sorriram. deveria ter sido eu, mas não pude: tinha cedido a minha cadeira à mulher do homem, também ela jovem, só que baixinha. ela estava de pé na cadeira e eu estava a segurá-la...
deveria ter sido eu.
agora é tarde.

lembro-me tão bem disto.

não é preciso que a morte nos recorde que "o tempo passa tipo míssil". nós, eu e ele, em igual medida, estávamos per-fei-ta-men-te conscientes disso naquele dia.

 

2025/05/03

moynak

 


2025/04/23

karl


 

2025/04/19

2025/04/18

happy ending

2025/04/16

2025/04/15

sandes de atum

 


batendo com as tetas na mesa


 

orion's belt


 

not christa bell

- gostava de ser assim como tu...
- porquê?
- deixas de fumar com facilidade, quando queres...
- não é com facilidade.
- não? mas deixaste de fumar de um dia para o outro, sem nada, só porque decidiste...
- mas desde quando é que isso é fácil? posso estar sem fumar durante anos, mas lembro-me muitíssimas vezes do prazer de fumar. assumo-me como fumador desde que comecei a fumar, esteja ou não a fumar regularmente.
- a sério? isso é estranho, é.
- não é estranho, mas é difícil. às vezes sou fumador não praticante. se se pode aplicar à religião, deverá poder aplicar-se ao hábito/vício/prazer de fumar.
- que ideia. mesmo assim, gostava de ser capaz de fazer isso assim...
- no meu caso, com o tabaco e com as mulheres, algumas, pelo menos, é a mesma coisa... 
- foda-se!
- pois...


esta árvore existia junto à muralha de adriano, na grã-bretanha.
a primeira vez que a vi foi num filme, nos idos de 90...
um miúdo parvo cortou-a, há tempos.
fiquei hoje a saber que o cepo está vivo e tem rebentos.

2025/04/14

entre tascas

 

não consigo tocar isto, ainda que mal, como sempre: o refrão tem um baixo difícil, e sem isso não faz sentido. 
o moço, como não é raro acontecer por aqui, já morreu, mas fazia anos no mesmo dia em que eu faço anos. 
não celebro os meus anos. 
tento nem assinalar os meus anos, sequer. 
o meu filho faz hoje anos. 
fez ontem, porque já é amanhã.

clip

(...)
olha o fado

ora é tão vingativo
ora é tão paciente
amanhã é comedor
hoje abstinente
mentiroso alcoviteiro
doce e verdadeiro
uma vez conquistador
outra vez vencido
amanhã é navegante
hoje é desvalido
sensual aventureiro
doido e bandoleiro
(...)

enquanto trabalhava, ouvi o álbum (duplo) inteirinho...
nunca tinha reparado nestas palavras.
reparei hoje.

enfim...

2025/04/10

i'll put this in writing

há um tipo que partilha frases que a mãe, ao longo da vida, lhe foi dizendo, desde a sua infância até à morte desta, incluindo o período de demência que a antecedeu.

gosto de todas, mas gostei muito desta.




2025/04/07

hooked

a pessoa a navegar na net durante uma reunião quando aparece isto no ecrã:


outra pessoa, ao lado, pergunta: estás a ver brinquedos sexuais durante a reunião?
ao que a pessoa responde: claro! tu não?
a outra pessoa: às vezes, sim, mas costumo ser mais discreta...

o melhor da piada é isto:






2025/04/03

Palá Vadonra

eu seja ceguinho se reparei, no ano passado, que esta canção, nesta versão dos duran, contava com a victoria de angelis no baixo...

2025/04/02

click


 

e quando, após anos a ouvir esta canção nesta diversidade de formas, a pessoa se apercebe que uma é versão da outra... deve ser assim que é possível compreender realidades paralelas. ou então estou só todo queimadinho...

kunka tano

fds... a rádio radar, ao passar da rita vian para os cock robin está quase ao nível da minha mixtape que complementava rammstein com os abba.

depois, vai-se a ver, e o que fica dos dias são sombras, reflexos...
como a menina do filme do cèzanne e do zola, a das sardas, de que se procurou saber quem era e era escocesa e se chamava freya e...

e o mui violento ataque de riso com a miúda a alucinar com o pano na cona da molier...

e o mui suave sorriso enquanto se anda de mota no novo horário de verão ao fim do dia, enquanto, mentalmente, se ouve "disarm" dos xmaxin pump quins.

____________________ 


não. não tejas medo.
deixar-me left on read não é condição suficiente para levares um tiro nos cornos. 
não. 
nem outras coisinhas reles que fizeste ou possas ter feito.
eu sou da paz, ainda que o karma não me diga nada, pela sua inexistência.
mas, só por causa das merdas, tenho de ir ao talho do pai dos gémeos, comprar sangue.
não, nada de serrabulho. é mesmo a escape livre, com pão de rio maior e vinho sem ser do pacote (mas, se fosse, era na boa. as moiras, até ver, parecem-me competentes)
é a humidade, o sabor a ferro, o frescor do frigorífico, a geometricidade des morceaux.
morceaux não são morcelas, mas é pena.
e é prá desgraça.

____________________


nunca tinha reparado nas tuas mãos.
nos pormenores, entenda-se. na expressividade, sim. mais ou menos, vá.
mas hoje reparei.
estão longe de ser as mãos mais bonitas que já vi. mas gostei de as ver no que estavam a fazer...
sim, eu reparo em merdas...

_____________________


- fessôr... ler desenvolve o pensamento crítico?
- depende.
- ler livros...
- no plural, sim. no singular, não. muito pelo contrário.


_____________________


- é fácil, ser assim?
- não. é extremamente difícil, principalmente quando se tem pouca disciplina.
- dizes isso, mas consegues fazer as coisas. tudo. e bem, geralmente. às vezes, muitíssimo bem.
- mas isso não é disciplina, é falta de imaginação.


2025/04/01

bêábá da sedução

de um filme brasileiro, de que (ainda) só vi um terço:
ele - gostei de ti.
ela - quero te ver de noite.


faz-me lembrar os miúdos, na correcção dos testes... 
"é só isto?". "é."

assim como assim, isto anda às moscas...

 




2025/03/20

carpe nunc

 

por enquanto estamos assim... mas um dia destes a IA evitará erros grosseiros deste tipo...
a verdade deixou de ser importante desde que a informação se tornou um negócio, mas a massa crítica, animal em vias de extinção, está a dar as últimas.
e quando todos, mesmo mesmo todos, se estiverem nas tintas, tudo, mesmo tudo, estará normalizado.

it's a fucking brave new world.





2025/03/17

dee-fee culdade

andava aqui a tentar compilar umas notas sobre uma pessoa... pensei em deixar aqui o registo, mas estava aqui coiso com o título...
de repente não me ocorria nada.
tem-me acontecido bastante.
mas, em pesquisando, torna-se mais fácil. deste modo
o contrário de homenagem é: desmerecimento, demérito, desmérito, descrédito, depreciação, menosprezo, menoscabo

será menoscabo sinónimo de descompilar? aplica-se, either way

estas ideias tendem a passar-me assim que me lembro do que tenho para fazer:
comprar cenouras, couve lombarda, uma câmara de ar de 29" com gel.
fazer o relatório da acção de formação.
enviar os testes para a reprografia.
fazer desaparecer o cadáver.
planos, em geral.
alimentar a gata.
regar o manjericão (o projecto mais bem-sucedido dos últimos tempos, apesar dos pesares)
contar-lhe do fim de semana em que perdi a mota, me perdi, no estacionamento. 
apreciar a vida.
almoçar.

2025/03/13

three amigos

ontem à noite analisava as apresentações de 3-três-3 gajos algarvios.
são bombeiros em albufeira.
todos referiram o património local, cultural e natural, material e material, e todos referiram carapaus alimados.
foram unânimes, cada um na sua vez, na afirmação de que já ninguém, cito, usa, faz, come, liga, conhece, etc.

identifico-me.

mas, como no livro dos quinanços da laila (em recuperação de ideias positivistas de permanência na memória e o crl):

morrer e desaparecer para sempre são coisas diferentes.

ambas vão acontecer a este espaço/blog/aterro sanitário/cloaca maxima/poluição digital/ coiso.
a primeira mais para breve (está marcado).
a segunda, tipo, depois.

e é mais do que justo.
esta merda nunca teve razões válidas para ter começado (já me disseram que começou por ter milhares de razões inválidas e que isso talvez baste) e, ainda assim, arrasta-se (e eleva-se, mui raramente) há 10aNOV anos.

o milagre é ser

acabei de ler "as muitas mortes de laila starr" (ram v e filipe andrade)
obra, a muitos títulos, admirável.


mas o destaque, aqui e agora, é para a poesia.
a única coisa que encontrei na net sobre o poeta foi a referência de alguém de que nada havia na net sobre o poeta e, tal como eu, pensa que o poeta deverá ser o próprio v.
independentemente disso, aqui vão, pela ordem com que surgem do livro e não pela minha ordem de preferência, os poemas:


por vezes falo 
com palavras que espero que ouças
e, contudo, exaltas
os mistérios que não enunciei.
por vezes, questiono-me.

escutando, akur puri



sussurrei ao mar
o que há para lá do horizonte?
com ondas suaves, ele respondeu
amor, erros, desgosto e vitórias.
julgava eu que os tinha deixado para trás.

margens, akur puri




quero chegar ao fim
ostentando as cicatrizes
de decisões impensadas tomadas
por um coração imprudente

cicatrizes, akur puri

2025/03/08

ciclecycle

era ir pelo país, à média de um por semana.
mas vamos lá filtrar isto por exequibilidade:
1. Mosteiro de Alcobaça (Alcobaça)
2. Mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha)
3. Museu Rainha D. Leonor e extensão na Igreja de Santo Amaro (Beja)
4. Museu D. Diogo de Sousa (Braga)
5. Museu dos Biscainhos (Braga)
6. Museu do Abade de Baçal (Bragança)
7. Museu José Malhoa (Caldas da Rainha)
8. Museu da Cerâmica (Caldas da Rainha)
9. Museu Nacional de Machado de Castro (Coimbra)
10.Museu Nacional de Conímbriga (Condeixa-a-Nova)
11. Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo e Igreja das Mercês (Évora)
12.Museu de Alberto Sampaio e extensão no Palacete de Santiago (Guimarães)
13.Paço dos Duques, Castelo de Guimarães e Igreja de São Miguel do Castelo
(Guimarães)
14.Museu de Lamego (Lamego)
15.Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (Lisboa)
16.Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa)
17.Museu de Arte Popular (Lisboa)
18.Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa)
19.Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa)
20.Museu Nacional de Arte Contemporânea — Museu do Chiado (Lisboa)
21.Museu Nacional de Etnologia (Lisboa)
22.Museu Nacional do Azulejo (Lisboa)
23.Museu Nacional do Teatro e da Dança (Lisboa)
24.Museu Nacional do Traje (Lisboa)
25.Museu Nacional dos Coches e Picadeiro Real (Lisboa)
26.Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa)
27.Panteão Nacional (Lisboa)
28.Torre de Belém (Lisboa)
29.Museu Nacional da Música (Mafra)
30.Palácio Nacional de Mafra (Mafra)
31.Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro)
32.Museu Dr. Joaquim Manso (Nazaré)
33.Museu Nacional da Resistência e da Liberdade (Peniche)
34.Museu Nacional de Soares dos Reis e Casa-Museu Fernando de Castro (Porto)
35.Convento de Cristo (Tomar)
36.Fortaleza de Sagres (Vila do Bispo)
37.Museu Nacional Grão Vasco (Viseu)

(se não calhasse ter chovido no carnas alguns já 'tavam...)

2025/03/07

"wtf???" ou "tanti auguri a chi tanti amanti ha"

sempre fui de me abstrair do mundo enquanto leio, o que tanto tem vantagens como desvantagens.
talvez por isso algumas pessoas possam ter achado que ler na cama era coisa not so cool... eu cá acho muito cool duas pessoas lerem na cama
por outro lado, consigo concentrar-me e estudar, ler, escrever, etc. em cafés barulhentos.

seja como for, fiquei muitíssimo surpreendido, quase chocado, com o facto de, estando a ler (trabalho), tomei súbita consciência de que estava a ouvir a raffaela carra a cantar tanti auguri, de 1978, um dos seus êxitos internacionais (e que eu, tal como o outro, também ouvi em flexidisco por essa época) na KEXP, rádio de seattle, washington, USA.
tem tanto de surpreendente o ter acontecido quanto eu não me ter apercebido que tenha estado a acontecer.

____________(pausa) __________________


claro que, estando agora focado noutra coisa (é assim que a minha vida se vai por entre os dedos) tive de ir procurar onde crl fica triste, de que apenas sei que fica na itália. 
averiguar por que raio dizia a raffaela que daí para baixo é que era bom pinar parece-me igualmente interessante, mas é investigação para a qual não tenho, de momento, recursos disponíveis e a que talvez devesse ter-me dedicado há muito tempo, mesmo estando consciente que "não tinha hipóteses, na itália".

fica numa zona fora da bota.
logo abaixo, territorialmente, fica uma surpreendente fatia da eslovénia. surpreendente porque eu pensava que a itália fazia fronteira com a croácia, mas afinal não, tem ali uns quilometrozinhos, menos de vinte, em linha recta, de eslovénia.
depois é que é croácia por ali abaixo, até ao montenegro e assim.

alvitro que miss carra se referiria, em termos greográficos, à latitude de trieste, e faço-o por duas razôes. a primeira é que, assim, acima desse paralelo fica a parte da itália (milão, alpes, etc.) onde não há vagar para pinar como deve ser, i.e. com alegria.
a segunda é que, assim, quase toda a itália ficaria entre esse paralelo e o equador, logo, neste sentido, ficaria abaixo de trieste, o que determinaria que aí se pinava como deve ser, i.e. com alegria. acho essa interpretação, extrapolada à interpretação artística da intérprete ou da artista (que linda frase!), muito voluntariosa e patriótica.
continuando a extrapolar, abaixo desse paralelo fica todá penínsulibérica e o sul de france, do que se poderá concluir que aí (remontando-nos, pelo menos, a 1978) também se pinaria/pinava/pina como deve ser, i.e. com alegria.
já agora, toda a gente sabe ou deveria saber que pinar como deve ser, i.e. com alegria, implica sempre extrapolar. e às vezes, com sorte, remontar.

enfim...
é ma-ra-vi-lho-so o que aprende e o que se pode vir a aprender!!!!

2025/03/05

a lula



2025/03/04

attonitus

nas pregas das leituras e cenas (não saio de casa há cinco dias, praticamente): 

o conto "o grande segredo", de jorge de sena

+

a frase "depuis que je te connais, c'est comme qu'il y a plus de morceaux de moi", de um filme francês, que passou na rtp2 chamado "as melhores amigas" ou "grandes amigas" ou lá o que é...

sonettttto

daquilo que o mar não me trouxesse
além de uma onda que passasse,
vivesse então eu no que faltasse
ainda que aquém do que esquecesse

que à tona do tempo aflore agora
reconhecida voz em quem a escuta
anunciando a alma devoluta
amputada em ser, ave canora

as eternas delícias e encantos
alheias à vivência sempre e agora
ainda que o mesmo mar mas entregasse

apenas ficam meus e alheios prantos
em lamento de tudo e da demora
da vinda de outro mar que me levasse






texto esboçado em 2009
publicado aqui em 2015
editado/corrigido agora... 
faltava um tê no título e  etc.


2025/02/22

discordâncias existenciais

 

ontem falava com um dos viajantes.
assunto sério, coisa importante, ainda que, para muita gente, possa não o parecer.
mas eu não sou como muita gente, e isso é meio contagioso...
no fundo no fundo, tudo é efémero, e não há quem nos possa valer.
mas há flashes*.
momentos.
e é desses de que se guarda (tanto quanto possível e, preferencialmente, desejável) memória.
e o registo impede a vivência, contamina a memória, a recordação.
há uma objecção possível: a memória altera as memórias, pode até criar memórias.
m.p.v. - se assim é, é porque, se calhar, é assim que deve ser. 
a verdade de um acontecimento é igual à verdade com que é vivido. 
ninguém se vive "de fora". 
pode ver-se de fora, mas isso é outra coisa, e há psis..., tocadores de concertina da alma, que estudam isso e até podem dar uma ajuda...

"subjectivity as truth" - genuine respect for oneself and others involves a deep commitment to personal authenticity and integrity
(anotei isto há perto de 30 anos... com uma sub-nota: cpt. kirke) 
grande coisa! 
certo dia vi um filme com o james cagney. devia ter por volta de uns doze anos. acho que é um filme sobre escatologia religiosa. pois há uma cena de que nunca me esqueci e de que me lembro muitíssimas vezes e que.. vou procurar. (pausa) é esta
também já vi filmes de freiras que nada tinham a ver com religião, apesar dos intensos clamores pela divindade.

* sobre a importância de momentos isolados de um horizonte de vida (flashes) muito haveria a dizer, se...
não é porque nada se diz que não haja muitas coisas para dizer.


vice-versa?

2025/02/21

2025/02/20

life playlist

2025/02/17

D de dyke

j - ... e o gajo disse que tinha ido ver o kill bill e achou mórbido.
eu - mas não é.
j - pois... o nf também disse que não era. mas o outro gajo disse que tinha muito sangue...
eu - coninhas do crl... é só frufrus, agora, por aí.
j - os filmes do tarantino são filmes que não se confundem com a realidade. não são como o padrinho, por exemplo.
eu - pois. há cenas no padrinho que foram coreografadas para serem iguaizinhas às cenas que foram apresentadas na tv, na altura dos factos.

...

eu - o D cortou o cabelo.
j - pois cortou. parece uma lésbica!

risos

ir - conjugação com pronome oblíquo átono "o"

futuro do presente
eu i-lo-ei
tu i-lo-ás
ele i-lo-á
nós i-lo-emos
vós i-lo-eis
eles i-lo-ão

futuro do pretérito
eu i-lo-ia
tu i-lo-ias
ele i-lo-ia
nós i-lo-íamos
vós i-lo-íeis
eles i-lo-iam

não sei... faz-me um bocadinho de impressão...

2025/02/15

tzara

pegue um jornal.
pegue uma tesoura.
escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema.
recorte o artigo.
depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o artigo e meta-as num saco.
agite suavemente.
seguidamente, tire os recortes um por um.
copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco.
o poema será parecido consigo.
e pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo.

só para não me voltar a esquecer

resting gold

como sempre, deixei para o fim as coisas só minhas. 
é trabalho à mesma. dá trabalho, mas ainda por cima, sou eu que estou a pagar.
estou muito cansado, mas tem de ser...
fica o meu agradecimento por esta imagem, que me despertou (estava já a dormitar) da aula que estava a ter:


2025/02/14

ensemble


tenho ideia de ter visto algo semelhante aqui há atrasado, mas que não tinha o michael hutchence...
e acho que tinha a janis.
não sei bem.

anti-ácido

opinar é fácil, pinar é difícil

Enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia.
E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.
Logo, enquanto houver um louco, há esperança.

formalizando:

( A ∧ B ∧ C ) → ( D ∧ E ∧ F ) 
( D ∧ E ∧ F ) → G
∴ A → G

caso o valor de A seja falso, toda a conjunção ( A ∧ B ∧ C ) resultará falsa, logo, a validade do silogismo hipotético está assegurada:
A B ( A B )
V V V V V
V F V F F
F V F V V
F F F V F

visto que a condicional só resulta falsa no caso de o antecedente ser verdadeiro e o consequente ser falso (circunstância impedida pela segunda premissa), a condicional, neste caso, será sempre verdadeira, estando assim garantida a validade do argumento.

calado sou um poeta

por via de trabalho, lê-se:
“Enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia.
E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.” - William Shakespeare
não me lembro de ter lido nada disto na obra do autor.
no pouco que li da obra do autor.
e, do pouco que li da obra do autor, nada foi no inglês original, tipicamente shakespeariano. (gosto de contar piadas a mim próprio)
perguntei ao vento e à IA.
a segunda respondeu-me que

Parece ser uma citação popular que captura o espírito romântico e imaginativo frequentemente associado a Shakespeare, mas não é encontrada em seus textos originais. 

insisti, com mais pormenor e requinte, a partir da minha tradução para um inglês esquisito-arcaico (há um ditado de um abegão a tocar não sei quê e o crl...) e apareceu-me isto, do sonho de uma noite de verão (a midsummer night's dream, título original)
Lovers and madmen have such seething brains,
Such shaping fantasies, that apprehend
More than cool reason ever comprehends.
The lunatic, the lover, and the poet
Are of imagination all compact:
One sees more devils than vast hell can hold,
That is, the madman: the lover, all as frantic,
Sees Helen's beauty in a brow of Egypt:
The poet's eye, in fine frenzy rolling,
Doth glance from heaven to earth, from earth to heaven;
And as imagination bodies forth
The forms of things unknown, the poet's pen
Turns them to shapes and gives to airy nothing
A local habitation and a name.

tá giro, sim senhor...
mas vou voltar à frase inicial, para usar num teste de lógica:
Enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia.
E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.
Logo, enquanto houver um louco, há esperança.

vou cancelar a consulta.
é um luxo a que não me posso dar.

___________________ 

adenda (d'après Bergson):

“The idea of the future, pregnant with an infinity of possibilities, is thus more fruitful than the future itself, and this is why we find more charm in hope than in possession, in dreams than in reality.”

“Time and Free Will: An Essay on the Immediate Data of Consciousness” (1889)

2025/02/13

trompe-l'œil

 

2025/02/11

tillage

o filme era suficientemente interessante para o reiniciar e ver do que se tratava.
havia visto uma cena, no youtube, fora de contexto.
pelo título era altamente recomendável para a senhora minha irmã, mas isso pouco ou nada diz.
mas foi bom, apesar da culpa latente de não estar a trabalhar.

"We, the people on this island, are not important. 
The island and the nutrients it provides exist in their most perfect state without us gathering them or manipulating them, or digesting them. 
What happens inside this room is meaningless compared to what happens outside in nature, in the soil, in the water, in the air. 
We are but a frightened nanosecond. 
Nature is timeless. 
Enjoy."

nota:
enredo escrito "em triângulo". 
um casal, alternadamente, duas vozes, escreve um conto/romance (a ver), terceira voz...
parece-me difícil e já deve ter sido feito.
já tudo foi.

minto. nem tudo foi feito.
mas isso é porque as pessoas são reles e.. boas, algumas...
não interessa.

2025/02/07

se abre se mostra

2025/02/05

surya namaskar

2025/02/04

2FEV

passou saulado do dia mundial das zonas húmidas, por aqui.
não houve cerimónias comemorativas, alusivas à efeméride.
se há tema em que se pode muito bem aplicar a máxima "pensar globalmente para agir localmente" é este.
mas nada...
pode ver-se a própria máxima como impedimento.
há quem veja.
há gente para tudo.
mas nem sempre.

2025/01/28

2025/01/27

2025/01/26

l'avenir plus radieux

 


li, recentemente, o "se isto é um homem", deste autor (primo levi)
anotei, sublinhei, li com atenção.
e não só porque há a possibilidade de ler (de alguém ler, pelo menos) algumas passagens aos alunos, nas comemorações dos 80 anos da libertação de auschwitz. 
pelo menos passarão a manhã a ver "a lista de schindler"...

adapto-me a muitíssimas coisas, mas reajo mal à maldade.
não sou pela não-violência. às vezes é preciso escolher lados e agir com proporcionalidade.
mas nos ventos de hoje surge de novo este espírito, esta vontade, esta cegueira, esta ilusão de superioridade e de exclusiva legitimidade de ser e de existir.
nunca aprendemos nada e estas décadas de paz (na europa, pelo menos) fizeram-nos esquecer. ou relativizar, o que é mais torpe, talvez.

seja como for, estarei do lado da resistência.


wednesday, via "freegard" scene

2025/01/25

yeah, right... fuck Eisenhower

 


oblatus

alguém publicou isto no dia 2:
sexo ainda não, mas já fiz duas máquinas de roupa este ano.
estou na mesma e estamos a 25.

mas há uma boa razão para isso: a máquina pifou.

2025/01/20

mean guitars

2025/01/19

frigideirazinha (ou delusional, part LVIII)

notas de origem desconhecida (vi na tv ou na net ou assim...)

- are you matter or are you spirit?
- i am sorrow.

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-- two people that are a little bit deluded in each others favor, isn´t that what love is?

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admirável
aquele que diante do relâmpago
não diz: a vida foge. *

* isto é um haiku, da Bashô (não sei se é assim que se escreve). desconheço é onde vi isto. mas sei que a nota continua com a sub-nota: cfr passar a noite com um filho no hospital
                                                                                                                                                                                                                         cfr imediatez do trovão e do relâmpago, no mar 

2025/01/18

leap of faith

 


2025/01/17

blown

2025/01/16

que grande merda

 morreu o Lynch...


2025/01/10

26 - from " to contessa

 


2025/01/09

classic bike ride

 


2025/01/06

little things

- ...mas assim, nesse caso, se deus é amor e se não se acredita em deus, então não se acredita no amor.
- bem vindo ao nem sempre maravilhoso mundo do pensamento racional lógico.
- mas eu acredito no amor.
- valha-te deus...

2025/01/03

2025/01/01

patti spell

 holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy! holy!
the world is holy! the soul is holy! the skin is holy! the nose is holy! the tongue and cock and hand and asshole holy!
everything is holy! everybody’s holy! everywhere is holy! everyday is in eternity! everyman’s an angel!
the bum’s as holy as the seraphim! the madman is holy as you my soul are holy!
the typewriter is holy the poem is holy the voice is holy the hearers are holy the ecstasy is holy!
holy peter holy allen holy solomon holy lucien holy kerouac holy huncke holy burroughs holy
cassady holy the unknown buggered and suffering beggars holy the hideous human angels!
holy my mother in the insane asylum! holy the cocks of the grandfathers of kansas!
holy the groaning saxophone! holy the bop apocalypse! holy the jazzbands marijuana hipsters peace peyote pipes & drums!
holy the solitudes of skyscrapers and pavements! holy the cafeterias filled with the millions! holy the mysterious rivers of tears under the streets!
holy the lone juggernaut! holy the vast lamb of the middleclass! holy the crazy shepherds of rebellion! who digs los angeles is los angeles!
holy new york holy san francisco holy peoria & seattle holy paris holy tangiers holy moscow holy istanbul!
holy time in eternity holy eternity in time holy the clocks in space holy the fourth dimension holy the fifth international holy the angel in moloch!
holy the sea holy the desert holy the railroad holy the locomotive holy the visions holy the hallucinations holy the miracles holy the eyeball holy the abyss!
holy forgiveness! mercy! charity! faith! holy! ours! bodies! suffering! magnanimity!
holy the supernatural extra brilliant intelligent kindness of the soul!