as horas são filtradas pelas folhas dos plátanos e desfiam-se em mosquitos quase microscópicos.
não sei quantos metros cúbicos de vida passaram desde que cheguei.
deitei-me.
respira-se o verão em tempos de vírus mortais, sob uma doce nuvem roxa.
pensa-se no título de um livro* de urbano tavares rodrigues e no seu filho pequeno.
deixo de pensar, deitando-me no estar deitado.
não pensando, lembrei-me do que pensei enquanto urinava para o rio na pequena rampa de cimento que acabava abruptamente.
provavelmente acaba-se sempre de forma abrupta...
já te falei do rio?
já te falei de lisboa?
esquece isso...
aparentemente não é importante.
o que me parece importante é dizer que me aguentava aqui, deitado sob os plátanos, sem descansar, durante 3 vidas.
já te falei na vida?
* "a noite roxa"
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