2006/04/18

all is lost in translation

acendi uma pequena vela verde só para te fazer inveja, mas o quarto encheu-se de mosquitos: eles ouviram dizer que o meu corpo estava vago.
então, peguei no pó de uma longa noite sem sono e coloquei-o no teu sapatinho, tendo depois confessado que fui eu que torturei o vestido que tu usavas para o mundo te ver através dele...

mostrei o meu coração ao médico: disse-me que só tenho que desistir,
e passou-se-lhe uma receita onde o teu nome constava.
depois fechou-se numa estante de biblioteca com os pormenores da nossa lua-de-mel...
e diz-me agora a enfermeira que ele está muito pior, a sua actividade praticamente arruinada...

disseram-me que havia um santo que conseguiria amar-te. estudei toda uma noite na sua escola, onde ele dizia que o dever dos amantes é o de enferrujar a regra dourada. assim que fiquei certo da pureza dos seus ensinamentos ele afogou-se na piscina.
o seu corpo foi-se mas, por aqui, no relvado, o seu espírito continua a babar-se...

um esquimó mostrou-me um filme que ele te tinha feito há pouco tempo. o desgraçado mal conseguia parar de tremer, os lábios e os dedos tinha-os roxos. parece que ele gelou quando o vento levou as tuas roupas e acho que nunca mais conseguiu aquecer... mas tu lá continuas, tão doce, no teu turbilhão de gelo...
por favor, deixa-me entrar na tua tempestade.

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