2009/09/29

projecto familiar

a senhora minha mãe faz questão que eu toque isto... "logo se vê quem canta, mas tu podes bem cantar isto", diz ela. pode ser, se não me custar...

Minh’alma de amor sedenta
Barco sem rumo e sem Deus
Minh’alma de amor sedenta
Barco sem rumo e sem Deus

Anda à mercê da tormenta
Desse mar dos olhos teus
Anda à mercê da tormenta
Desse mar dos olhos teus

Essa dádiva total
Que me pedes hora a hora
Essa dádiva total
Que me pedes hora a hora

É o que minh’alma te dá
Quando de amor por ti chora
É o que minh’alma te dá
Quando de amor por ti chora

Se eu um dia te perder
Jurarei virado aos céus
Se eu um dia te perder
Jurarei virado aos céus

E os perdões que Deus me der
Meu amor são todos teus
E os perdões que Deus me der
Meu amor são todos teus

É uma causa perdida
O ser proibido amar
É uma causa perdida
O ser proibido amar

Quem perde um amor na vida
Jamais devia cantar
Quem perde um amor na vida
Jamais devia cantar.

é de antónio dos santos (fadista que eu desconhecia)

as mães são tramadas, às vezes.

2009/09/28

sexo à portuguesa

andava eu numa pesquisa acerca de tom sharpe (de quem ainda me falta ler alguns títulos) e fui parar a um sítio que, à laia de esclarecimento da expressão "sexo à portuguesa" usada por josé rodrigues dos santos, apresentava isto:

sexo à portuguesa, para quem não sabe, é uma coisa que pode envolver erecções gigantescas provocadas pela simples sugestão de uma sopa de peixe feita com leite saído directamente das mamas de uma estudante de erasmus sueca. (1)

ora, eu nem me considero assim tenrinho nem nada, mas o texto supra apresentado pode ser assustador.
mas isto vem torto (salvo seja) logo de início. "sexo à portuguesa" está demasiado próximo do cozido. diz-se que bulhão pato não era só famoso pelas suas amêijoas, também o era pelo seu famoso "sexo à bulhão pato".

ficarei por aqui, dado que são assuntos que eu não domino (sexo e literatura). mas ninguém espera muito mais de um tipo que tem um blog chamado carapauscoisos.
registo só o ligeiro arrepio provocado por esta específica justaposição de palavras. singularizando, nada tenho contra nenhum dos conceitos indicados. erecções gigantescas acredito que existam (vi um filme uma vez...), sopa de peixe gosto (sei fazer sopa de cação e tudo), leite - nada contra, mamas e suecas prescindo, por motivos, espero, óbvios, de comentar. enfim...

lembrei-me agora de outra coisa meio bizarra, a propósito do leite.
no domingo passado, na voltinha de bike, passámos por um namoródromo. os habituais tissues, kleenexes, preservativos, etc... mas algo se destacava: uma embalagem vazia de leite gresso. o tiago, com a acutilância que o caracteriza (colocar ironia a gosto): olha, este recarrega.

(1) - se forem coisinhos ao ponto de querer saber onde estava isto, basta googlar. digo eu...

era isto ou olhar fixamente para os cetins da mecinha à minha frente...

volare...

- esta abstenção é uma indignidade para este país, não é?
- olha... uma vez, eu e o meu tio estávamos a partir ferro-fundido com uma marreta. eram volantes de um lagar. houve um pedaço pequeno de ferro que, após a pancada, se soltou do bloco onde estava e foi alojar-se no antebraço do meu tio, aproximadamente a 1cm de profundidade. fez um pequeno orifício que quase nem sangrou. nunca me esqueci desse dia...
- tu, com esses phones, não ouves nada do que dizemos...
- isso não é verdade.

it makes sense, alright!

2009/09/25

got milk? got blood?

ainda existe o incógnito?



ele passava muitas vezes a noite sozinho, no bar ou no piso superior... observava tudo, via, ouvia, absorvia tudo. até que o absinto a que a luz negra do local dava uma tonalidade peculiar começava a a produzir os seus efeitos e tudo era como que envolvido por uma espécie de neblina clarificante, inversora dos efeitos de doppler e de gauss ao mesmo tempo. e ele permanecia sozinho, tudo vendo muito mais e melhor.
de vez em quando ela aparecia, com os seus caracóis meio ruivos e o seu ar sério que parecia sorrir. e ela via-o ao mesmo tempo que ele a via. ela bebia vinho tinto. sempre. ela circulava pelo bar, pela cave-de-dança... parecia sentir-se no seu elemento. e via-o a vê-la.
no único dia em que ele não se apercebeu da sua chegada sentiu um ligeiro toque nos rins:
- ora cá está o rapaz da bebida azul-turquesa...
- ora cá estás tu... - este "tu" teve uma ligeira inflexão, quase imperceptível. o sorriso dela começou a transformar-se. o rosto dela contraiu-se a um ponto extremo mas quase sem alterar a sua expressão. algo semelhante à revelação de uma fotografia, num certo sentido.
ele sempre julgara o seu sorriso triste. ela sorria muito, conhecia sempre alguém entre os circulantes. quando ela lhe sorria nascia nele uma espécie de desconforto. a sua timidez e a tristeza dela...
- foi a melhor coisa que me poderias ter dito... muito melhor do que te teres apresentado ou pedido que me apresentasse.
- eu sei. - disse ele, com uma sinceridade que não lhe era nada habitual... e de um modo que nunca mais repetiu ("lhe levaria anos a recuperar" na versão original), ordenou: vamos sair daqui!

reflexão, já!!!!!

zzzzzzzzzzzzz, parte LVIII

calhou ir ver o primeiro setembro deste blog...
é-se e nunca se é sempre a mesma pessoa.

2009/09/24

vitalogy

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vida com banda sonora



video produzido como anti-stress.
minha vida.
fotos minhas

2009/09/22

talvez brincar ao b.e. ...

é isso!
vou até casa, estendo a roupa, faço um mojito e instalo-me no scriptorium.
diz que o trabalho tem propriedades dignificatórias...
ou isso ou parar no café para beber uma bejeca e ver do tal papel do parecer do tribunal e o catano!
podia tentar fazer umas chicken fajitas para o jantar...
ou jogging, agora que as bikes estão maradas.
...
nota mental: comprar mortalhas.

interlúdico

estive, para desopilar, a ver uma coisa celta e assim...
havia uma senhora que cantava em gaélico... sei que era gaélico porque soava mesmo a gaélico, por isso estava-se mesmo a ver que era gaélico. e havia um poema que, pareceu-me, tinha um tom meio a dar para o épico-marcial-nacionalista que acabava assim:

i am the master of my fate,
i am the captain of my soul

2009/09/21

integração

hoje senti-me um poucochinho deslocado naquela reunião...
trata-se de um homem habituado a controlar tudo, rodeado de yes-men... de modo que, quando ele perguntou se havia alguma objecção, tive muito gosto em dizer: SIM!...
isto um homem sentir-se integrado é muito reconfortante...

belvedere

sinto-me coiso.
há já algum tempo que me ando a sentir assim coiso...

há algo indeterminado que me anuncia que estou a voltar ao meu estado habitual...
o homem é um animal de hábitos e eu, vá-se lá saber como, também o sou. talvez mais animal do que de hábitos, mas mesmo assim...

escrevi num papel, há uns anos, que desassossego é aquilo que se sente quando não nos conseguimos habituar ao nosso estado habitual.
nesse mesmo papel escrevi também algumas considerações sobre o "estado normal - desdobramento indagatório"... a pessoa que leu o papel apenas disse: tu, quando escreves estas coisas estás no teu estado normal? respondi-lhe que não, mas não (nem sempre, talvez) no sentido de embriagado. antes na constatação de a única possibilidade ser a de um princípio de a-normalidade que me subjaza.
ela disse que eu era parvo e eu concordei. disse-lhe que tinha as orelhas muito bonitas, enquanto jantávamos. achei-lhe jeito.
eu sou doente... tenho a ideia fraquinha... fico em pouco, muitas vezes...

um dia destes vão dar o meu nome a uma rua e vão erguer-me uma estátua (escala 2:1) na praça nobre. as placas toponímicas serão de cartolina e o devaneio tridimensional supramencionado será de papel-cenário. e tudo só por causa das coisas. exemplo de coisa: achar piada a um título de um post ("l'amour é mas é o caralho!", no blog do irmão lúcia) e achar piada ao esforço necessário para conseguir coisas...
estou, neste momento, sozinho no meu local de trabalho. não é novidade, isto. acontecia-me amiúde lá...
afinal ainda não perdi totalmente a capacidade de reconhecer coisas boas nas coisas.
dizia eu: estou sozinho. há um relógio de parede com um muito audível tiquetaque (imagine-se um tló-tlê abafado como onomatopeia e a coisa faz-se)... tudo está calmo. o entardecer está muito visível pela janela grande. vejo o perfil da serra. depois daquele monte há outro, depois há outro, depois outro ainda, difícil de subir, quando se vem de bicicleta dos lados da EN1, que ainda foi ontem que me meti nessa empreitada, mas a seguir desse, quase, é o mar.
vou aproveitar este tempo para fazer aqui coisas até esta hora.
está-se muito bem aqui assim.

...


um dia destes vou aperceber-me de que estou a morrer e, diferentemente de tudo o que eu penso que pensarei naquele momento, não sentirei medo. sentirei talvez vergonha. sentirei pena.

2009/09/16

élan delon

hoje, na leitura de um documento que, pretende-se, deveria ajudar uma pessoa a fazer o seu trabalho com maior facilidade, encontrei uma palavra muito linda: empowerment. mas não foi isso que me trouxe aqui.
foi antes o verbo elicitar.
não o conhecia. a mecinha do lado também não e dedicou-se à semi-nobre tarefa de arriscar uma definição a partir do contexto.
fui ao dicionário e fiquei a conhecer. dei-lho a conhecer....
ela: pois... é mais ou menos o que eu estava a dizer... é fazer vir.
eu: hummm... fazer vir... interessante.
ela riu-se.
eu: olha... critica-se aqui que "os elementos são compilados de modo esporádico e não contínuo"... compilar de modo esporádico parece-me um bom princípio, em geral...
ela: não me faças rir!
eu: pois... ao fazer-te rir já estou a ilicitar.

back to basics

- sebenta em cima da mesa
- headphones elitistas (sim, eu gosto das tascas do povo mas dispenso ouvir comentar futebol e/ou novelas. gossip se e só se não conhecer as pessoas de cuja vida se fala). música oscilante entre o maníaco e o depressivo.
- cerveja (por falta de companhia)

tenho, neste momento, saudades de tantas coisas...
por exemplo, e dado que chegou a cabidela:
"... we assassinate a chicken..."

há vários tipos de almoços regulares na minha vida:
almoços proletários, universitários, volantes, flutuantes, profissionais, banais, internacionais e outras coisas mais. tenho saudades de todos, talvez...

sou o único cliente nesta tasca, devido à hora mais tardia, suponho. não desgosto deste pormenor. há algo de encantatório na visão solitária de uma chávena de café...
lembro-me dos desenhos animados do marco, um obscuro professor que parte para a argentina em busca de um bagaço feito em casa que o abandonou, sozinho, à sua sorte...
era um porto, italiano, mesmo ao pé das montanhas...

2009/09/14

2009/09/12

advérsio de modo

o silêncio é muito comum nos homens sábios. é até, de certa forma, um atestado de sabedoria.
por quê falar sobre o mundo se as palavras não são fieis àquilo que pretendem designar e o mundo é constante mudança e nunca permanece?
escrever sobre a vida, o amor, a ambição, a glória, a caridade é escrever e escrever é uma forma cristalizante de falar.
esta e outras coisas podem ser alvo de reflexão enquanto se descasca, ininterrupta e rotativamente, uma maçã. enquanto se admira a helicoidal substância vegetal daí resultante.
ou quando se vê na televisão que uma escavação arqueológica desenterrou algures uma espada muito destruída pelo remorso.

2009/09/11

diz-me quem és e dir-te-ei quem também és

gostar de alguém por alguém e gostar de gostar.
gostar de si por gostar de outrem.
alteramorintra.
ser por gostar e ser esse gosto.
ser-se outro em si.

"diz-me quem és e dir-te-ei quem também és".


o texto(?) supra é dedicado a todas as poucas pessoas que me dão a honra de ser minhas amigas. pessoas essas de quem eu gosto, a quem admiro, de quem espero sempre o melhor e vejo, sistematicamente, essa expectativa confirmada, a quem desejo sempre o melhor dos mundos possíveis e/ou que, se desejarem impossíveis, que sejam felizes nesse desejo.

o importante é, neste caso, a dedicatória
, já que a dedicação é menos visível. mas existe.

2009/09/10

aviso

este blog está temporariamente (supõe-se) suspenso por uma única e exclusiva razão:
há, para variar, um assunto sobre o qual eu queria escrever. e não consigo.
em termos gerais, o tema é a amizade.

2009/09/08

be steele (olha que tu leva-zas!)

co-naturalidade

e é neste momento de lua alta que ele se lembra, mesmo nunca o tendo esquecido:
a extraordinária capacidade de ela o surpreender na sua beleza, sempre igual e sempre diferente, como bela que era.
ela sabia-o.
ele sempre o soube.
ela não se lembrava dele nos anos oitenta.
ele acabara de nascer.
e qualquer coisa disso coube num abraço que, após tantos anos, parecia de sempreagora.

e, acto contínuo, foram comer lulas grelhadas... uma espécie de homenagem a um homem que nunca fumou um cigarro. geralmente fumava vários ao mesmo tempo.

passar-se-iam anos até se reencontrarem de novo.
nada mais natural, podemos nós, agora, reconhecer. agora é fácil.

etilicidade 31092009

aparentemente foi a mim que tudo aconteceu...
foi a mim que a bike (outra vez) deixou a pé, fui eu que fiz a caipirinha, i.e, fui eu que dei o maior contributo a essa nobre causa.
a minha irmã fez hoje quarenta anos. a minha irmã mais nova!!!
tratámo-nos bem, os dois.
adormeci a pensar na praia. aliás, passei o dia todo a pensar na praia.
acordei sozinho, na rede, debaixo dos pinheiros.
a minha irmã apareceu-me, comunicando-me que a coisa até correu mal, canto gregoriano incluído... não lhe fica mal este tipo de iniciativa, especialmente agora, 17 kg depois. até quase parece mais nova do que eu.
inquiro sobre o people: os putos na piscina, a senhora sua mãe algures perto deles...
preparo-me para ir com A. até ao local onde se criam os porcos semi-selvagens. levamos coisas várias para eles comerem, tipo as cascas do melão (parece que as galinhas não comem as cascas do melão), ossos, restos de salada... a constatação, naquele momento, do carácter tão assumidamente omnívoro dos animais deixa-me ligeiramente indisposto. felizmente ainda há caipirinha.
a aguardente, feita em casa, queima-me os lábios, previamente queimados pelo sol pedestre de empurramento ciclístico em dia não. vou, portanto...

banda sonora: mazgani

famous last words

- mas fazes aquilo na boa ou fazes hard-core?
- faço hard-core...

old friendship

- temos segredos agora, é?
- há tanta coisa que eu queria ter contigo sem ser segredos...

customs officer

(falava-se de tráfico de droga. de correios. de apreensões em aeroportos)
reese - man swallow, women stuff...
someone - why is that?
reese - ...
(risos meus e dela)

2009/09/07

modus operandi

deveria fazer sempre assim:
vai-se à praia na véspera da apresentação, queimam-se os lábios e, muito importante, não se arranja batôn do cieiro (ou lá o que é)...
em vez disso, usa-se, ostensivamente, um produto que, se não me falha a memória, se chama:
FRUIT KISS LIP GLOSS

e apreciam-se as silenciosas reacções.

french pedicure

nem posso dizer que haja algo que se destaque...
eventualmente os olhos, a estrutura óssea do rosto, a forma velada de sorrir... reminiscências de um cerco antigo, talvez.
fixei a minha atenção nos pés.
a generosidade do decote terá que passar para um plano secundário.
(excepto agora, neste instante, que eu não sou mal agradecido)
...
é daquelas coisas sobre as quais não penso, ou, se penso, é num plano acima ou abaixo de qualquer racionalidade.
...
apercebo-me que a minha primeira impressão dos pés foi prematura, mas não está mal para quem tem uma filha na festa do avante.
continuo com dor de cabeça. vou passar à caipirinha!

2009/09/05

século XXI

é quando nos informam, via msn, que estão com sono e que querem (ainda) um beijo de boa noite.
bem... vou descer as escadas. volto já.

2009/09/03

caderneta

aqui é uma espécie de quiosque xpto... há cá de tudo.
é natural que de entre tantos cromos também os haja mais raros.. quiça mais valiosos.

mas não se aconselha. eu fiz aquiagoramesmo um raid e não foi cool... foi até deprimente, para não dizer revoltante.

real politik

noir diz:
podia dizer, a la luther king, que tinha um dream... mas nem é bem o caso
olha que linda frase

antónio f. diz:
maravilhosa... digamos que o hábito favorece o calo

noir diz:
ou o hálito não faz o galo

2009/09/01

not this year... yet... maybe...

plano de emergência*

hoje fiquei a saber onde está situado, em caso de aflição, o ponto de evacuação.

* ou "hora de aperto"